O chefe da Igreja Católica da Austrália reconheceu a “vergonha” do abuso
sexual infantil entre o clero e acolheu uma investigação abrangente,
nesta terça-feira (13), mas também advertiu que a extensão do problema
dentro da igreja tinha sido exagerada.
Na segunda-feira, a premiê Julia Gillard ordenou uma rara Comissão Real,
a mais alta forma de investigação na Austrália, sobre como as igrejas,
órgãos governamentais e outras organizações têm lidado com possivelmente
milhares de acusações de abuso sexual de crianças.
O único cardeal da Austrália, George Pell, disse que a Igreja iria
cooperar plenamente com o novo inquérito, o que pode obrigar as
testemunhas a prestarem depoimento e produzirem documentos, e que ele
não acreditava que a Igreja Católica foi o autor principal.
“Nós não estamos interessados em negar a extensão do delito na igreja
católica. Nós nos opomos a ser algo exagerado, nós contestamos ser
descrito como ‘se a Igreja fosse a única’”, disse Pell, que também é
arcebispo de Sydney.
“Reconhecemos, com vergonha, a extensão do problema e eu lhes quero
garantir que temos sido sérios na tentativa de erradicá-lo e lidar com
ele”, disse a jornalistas em Sydney.
Gillard convocou o inquérito em face da crescente pressão política
depois de relatos de que ordens dentro da Igreja Católica tinham
encoberto acusações de abuso sexual e impedido investigações policiais
durante várias décadas em Nova Gales do Sul e Victoria, os dois Estados
mais populosos da Austrália.
Pell também disse que os padres deveriam se recusar a ouvir confissões
de supostos agressores de crianças para garantir que os sacerdotes não
fiquem presos ao sigilo do confessionário.
“Se o padre sabe de antemão sobre tal situação, o sacerdote deve se
recusar a ouvir a confissão, este seria o meu conselho. Eu nunca ouviria
a confissão de um padre que fosse suspeito de uma coisa dessas”,
afirmou o sacerdote.
O ex-policial Peter Fox provocou um protesto nacional na semana passada,
quando alegou que a Igreja Católica havia encoberto abusos cometidos
por sacerdotes em Hunter Valley, região ao norte de Sydney. Suas
acusações levaram a uma nova investigação que está sendo convocada.
A Igreja Católica é a maior da Austrália, com 5,4 milhões de fiéis, representando cerca de um em cada quatro australianos.
Fonte: Estadão Acesso: 13/11/12
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