Não fomos chamados a nos relacionar com clientes, mas com seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus.
Lojas superlotadas. Filas imensas. Gente aguardando horas para poder
comprar um bem, por um preço mais barato e acessível. A cada ano, após o
tradicional Dia de Ação de Graças, acontece o Black Friday que
movimenta todo o comércio dos Estados Unidos.
Os preços são reduzidos
drasticamente e o espaço físico das lojas é insuficiente para tantas
pessoas. Dois objetivos são claros: o comércio busca reforçar seu caixa e
os clientes precisam ser atendidos naquilo que desejam.
De algum
tempo para cá, algumas lojas brasileiras, de olho numa sociedade cada
vez mais impregnada pelo desejo incontrolável de consumir, tem usado do
mesmo artifício, mas nem sempre respeitando o cliente.
Com o controle da
inflação, passamos a ter certo poder de compra e nos tornamos capazes
de planejar nosso orçamento. Esse foi o lado bonito de toda essa
história. Passamos, no entanto, a presenciar um quadro inusitado: o
surgimento do cliente especial, que é buscado ansiosamente por aqueles
que precisam vender seus produtos.
Consumir se tornou algo também
incrivelmente fácil e simples. Sem sair de casa, basta acessar um site,
clicar o produto que você deseja possuir e rapidamente ele estará em
suas mãos.
Parte do tecido de nossa sociedade, a igreja evangélica brasileira vive um momento singular da História.
Parte do tecido de nossa sociedade, a igreja evangélica brasileira vive um momento singular da História.
Escolher entre
tornar-se identidade visível de Deus neste mundo e mostrar os sinais do
Reino ou moldar-se ao formato do mercado e todas as suas vertentes.
Foi-se o tempo em que íamos a uma igreja para ouvir o que Deus falaria
conosco. Hoje, o processo caminha na mão inversa. Comunidades existem
para que necessidades sejam supridas rapidamente e sem dor. Nesse
sentido, cada fiel torna-se um cliente que precisa ser atendido de forma
a fidelizar-se com essa ou aquela igreja.
De início, precisa-se
saber quem são os clientes. Conscientemente ou não, quem lidera tem a
tarefa de buscar o perfil dessas pessoas. O ideal é que tenham
interesses comuns, pois ajudará muito na elaboração do discurso – e,
assim, aqueles que fazem parte de um extrato social, cultural e
econômico diferente da maioria sentem-se repelidos e não permanecem no
grupo. O resultado é que o grupo torna-se mais homogêneo.
O passo
seguinte é ter consciência do que esses clientes desejam ouvir e ver
durante o tempo que permanecem reunidos com outros. Nesse caso, o líder
pode buscar um tema atual ou algo que saiu na mídia naquela semana, ou
ainda fazer uma boa pesquisa com seus líderes mais próximos. O resultado
é certo: o cliente ficará satisfeito e provavelmente voltará no domingo
seguinte.
O fato mais aterrador de tudo isso é que o líder precisará
ter uma capacidade imensa de manter seus clientes satisfeitos,
procurando não tocar em pontos que confrontem seu comportamento e seus
desacertos. O espaço para o arrependimento torna-se imperceptível e
intocável.
À semelhança de qualquer grupo corporativo que busca
sucesso e retorno financeiro, privilegia-se certas faixas etárias,
excluindo aqueles que já tem idade avançada e os que ainda não entraram
no mercado de trabalho.
O foco deverá estar em famílias que detém certo
poder aquisitivo. Por isso, são clientes. E se tiverem algo que os
diferencie dos demais poderão ser chamados de clientes especiais.
Igrejas
que atendem clientes e não buscam pessoas que carecem totalmente da
graça de Deus em suas vidas se afastam da missão de Deus. Jesus, em sua
caminhada terrena, sentiu-se impelido pelo Pai a confrontar seus
ouvintes. Aos que estavam preocupados com os bens deste mundo, afirmou
que seria impossível segui-lo.
Permitiu que aqueles que não desejassem
ser seus discípulos, poderiam fazê-lo. Seu intuito não era ganhar
clientes, mas homens e mulheres que buscavam ser transformados pelo
poder da ressurreição, tornando-se testemunhas para as famílias da
terra.
Segundo as Escrituras, nós, como líderes, somos chamados a formar pessoas semelhantes a Cristo.
Segundo as Escrituras, nós, como líderes, somos chamados a formar pessoas semelhantes a Cristo.
Atraí-las e convencê-las é tarefa
do Espírito de Deus. Como líderes desta geração, somos desafiados a
clamar contra toda injustiça e por uma sociedade mais fraterna e cheia
do amor de Deus. Não fomos chamados a nos relacionar com clientes, mas
com seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus.
Oswaldo Prado é diretor executivo Sepal Brasil
Acesso: 13/07/13
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