Para o pastor, a petição foi "coisa de safado antidemocrático". Malafaia diz que chegou a praticar a profissão, mas preferiu "não misturar as coisas" e passou a se dedicar apenas à vocação religiosa |
O pastor evangélico Silas Malafaia disse na quarta-feira (20) que vai
processar por "assédio moral" o site Avaaz.org e seu diretor de
campanhas no Brasil, Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça.
Líder da igreja carioca Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Malafaia
virou tema de dois abaixo-assinados na Avaaz. O primeiro, criado no dia
8, pedia que seu registro de psicólogo fosse cassado.
A essa ação, uma
reação: um evangélico do Rio Grande do Sul lançou uma petição pela "não
cassação" do religioso.
O segundo pleito, contudo, que chegou a reunir 65 mil assinaturas
pró-Malafaia (contra 55 mil adesões do texto revés), foi excluído do
site.
A Avaaz é uma organização internacional surgida em 2007 que promove
campanhas virtuais, usando a internet para coletar assinaturas. "Avaaz"
significa "voz" em algumas línguas orientais.
Por aqui, o site abrigou causas a favor dos índios guarani-caiová e da
saída do presidente do Senado, Renan Calheiros, por exemplo.
A regra prevê que uma campanha seja vetada se "ferir os princípios da própria comunidade", diz Abramovay.
'DOUTOR' SILAS
Malafaia considera a Bíblia o "maior manual de comportamento humano do
mundo". Mas decidiu se especializar também na ciência de Freud e, em
2006, pegou seu diploma de psicologia de uma universidade particular do
Rio.
Seu título de "doutor", contudo, está a perigo. A Folha apurou
que o Conselho Regional de Psicologia do
Rio avalia, em processo que
corre em sigilo, se deve cassar seu registro profissional.
A pressão contra Malafaia começou após uma entrevista no programa "De
Frente com Gabi" (SBT), de Marília Gabriela, há três semanas.
O pastor defendeu a "ordem cromossômica de macho e fêmea" e criticou a
adoção de crianças por casais homossexuais: "Não acredito que dois
homens possam criar uma criança perfeita".
A petição contra Malafaia se baseia em artigo do Conselho Federal de
Psicologia que proíbe tratar homossexualidade como transtorno.
Ontem, Abramovay disse à Folha que a contrapartida favorável ao pastor era "lobby para práticas homofóbicas".
Após a declaração, Malafaia afirmou que entrará na Justiça contra ele.
Definiu a exclusão da campanha que o favorecia como "afronta à
democracia". "[Abramovay] Vai ter que provar que sou homofóbico. Vou
lascar esse cara."
Abramovay rebateu: "Ele pode abrir essa petição onde quiser. Mas não na Avaaz".
O pastor diz que nunca atendeu homossexuais no divã. Já no púlpito, "a fila é grande", afirma.
Ele abriu em seu site, Verdade Gospel, abaixo-assinado em sua defesa.
Até ontem, eram 122 mil adeptos. Já a campanha contra ele na Avaaz tinha
70 mil assinaturas.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1234146-malafaia-processara-site-que-tenta-cassar-seu-registro-de-psicologo.shtml
Acesso: 21/02/13
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