A massa não pensa e a idolatria ocorre de forma coletiva |
É inegável o fenômeno que existe hoje em dia na Igreja brasileira da
idolatria a certos pastores ou artistas. Os que os idolatram vão dizer
que não, que apenas os admiram, tomam como exemplo ou coisa parecida.
Mas se você for analisar a fundo o relacionamento de multidões com essas
figuras verá que os idólatras de celebridades gospel têm uma coisa em
comum: põem o objeto de sua idolatria acima do bem e do mal: não admitem
que os critiquemos, não admitem que se discorde deles, se alguém fala
algo contrário ao que os tais dizem seus fãs partem numa defesa
altamente aguerrida de seus ídolos e aquilo que os ídolos dizem torna-se
lei para eles.
Então pode-se usar a semântica e jogos de palavras para
se negar o fato, mas a verdade é que sim: esse comportamento denuncia o
bom e velho pecado da idolatria. Só que praticado por cristãos no que se
refere a outros seres humanos.
Tendo ficado claro isso, passamos à pergunta: por que existe essa
idolatria? Vamos refletir um pouco sobre essa questão. Espero que ao
final desse texto você possa olhar para dentro de si e, se for o caso,
se perguntar “Afinal, por que idolatro pastores e artistas gospel?”. E,
ao ver o absurdo bíblico que é isso, mude de comportamento e passe a
enxergar tais pessoas pecadoras como elas são: pessoas pecadoras, como
eu e você. E se identificar erros em seus ensinos, letras de música,
comportamentos ou teologias, possa abandonar aquilo que transmitem e
buscar a sã doutrina em outros arraiais.
A primeira explicação dessa idolatria é a mais triste de todas: falta de
intimidade com Deus. Muitos começam a frequentar a igreja (convertidos
ou achando que foram convertidos) e passam a cumprir a cartilha
tradicional de comportamento cristão (vão aos cultos, ouvem só “música
cristã”, usam jargões da igreja, assumem um visual de crentes, colam
adesivos com versículos bíblicos no automóvel, entre outras coisas) e
por isso acham que estão vivendo a fé em sua plenitude.
Mas,
infelizmente, apesar de cumprir todos esses itens, não têm intimidade
com Deus. De fato não o conhecem. Conhecem superficialmente a Bíblia, a
entendem puerilmente, pouco ou nada oram fora da igreja ou nas
comunidades eclesiásticas que frequentam, não praticam disciplinas
espirituais e, por isso, não desenvolveram um relacionamento íntimo com
Jesus. Sua relação é superficial.
Com isso, por não conhecer Deus profundamente, praticam o que Freud
chamou de “transferência”: transferem para certas pessoas a imagem que
têm do que seria Deus em sua opinião. É comum isso acontecer com novos
convertidos e seus pastores: os sacerdotes são vistos como o que há de
mais divino. É por isso, por exemplo, que, quando um néscio vê um pastor
num mau dia, se decepciona com a igreja e se desvia ou desigreja: não
entende que o pastor não é Deus e que o Senhor não tem culpa se um
sacerdote – tão humano como eu e você – o decepciona.
O mesmo ocorre com artistas. O irmão sem intimidade com Deus vê aquela
pessoa no palco com toda a aparência de devoção, levantando as mãos,
falando em tom de voz choroso entre as músicas frases feitas de louvor a
Deus, clichês de “ministração” que sabem que dá certo, apertando os
olhos…parecem estar em alfa. E pensam: “Esse aí é de Deus!”.
Muitas e
muitas vezes é apenas uma forma teatral de se apresentar, sem nenhuma
devocionalidade real, mas o irmão sem intimidade com o Altíssimo aplica o
processo inconsciente de transferência e passa a enxergar naquele
cantor ou cantora o supra sumo do que seria a santidade. Passa a
deificar tal pessoa. E aí já era: diga-se qualquer verdade desabonadora
sobre tal celebridade que os olhos, ouvidos e coração do fã estarão
blindados e lacrados para isso. Afinal, ninguém admite que se critique
seus ídolos: sejam eles de gesso ou de carne e osso.
A segunda explicação é: a cultura de celebridades em que vivemos. Esse
fenômeno é milenar. Muitos vinham de longe para estudar com Platão ou
Aristóteles, na Grécia Antiga. Muitos eram fãs de seus gladiadores
prediletos nas lutas do Coliseu. E assim foi, ao longo dos séculos, até
que Hollywood soube explorar a tendência natural dos humanos em deificar
outros para faturar seus milhões. A indústria do cinema, visando ao
lucro, criou o chamado star system (algo como “sistema de astros”), que
funciona muito bem, obrigado, até hoje.
Tem como forma de agir promover
atores e diretores para que o público se torne seus fãs e passe a
assistir a um filme não pela história ou outra razão qualquer, mas
apenas porque seu astro preferido está atuando. Você mesmo, quantas
vezes não assistiu a um longa-mertragem porque “é o mais recente filme
de George Clooney” ou “a nova produção de Steven Spielberg”?
E os cristãos não estão isentos disso, pois são humanos. Então têm a
tendência natural de fidelizar-se a certos indivíduos. No meio artístico
isso é visibilíssimo: basta você criticar a cantora que rasteja como um
leão no palco ou que vai a programas de TV em emissoras anticristãs
para vender mais CDs e logo multidões de fãs ardorosos daquela semideusa
partirão com dentes e unhas afiados contra você, em defesa daquela que
“afinal, está fazendo alguma coisa” ou que “prega o Evangelho a tempo e
fora de tempo”. São tão cegos em sua idolatria que não conseguem nem ao
menos cogitar que aquela diva pode muito bem estar fazendo aquilo só pra
faturar uns bons trocados. Esse é um dos males da idolatria: ela cega
os idólatras.
Com pastores e teólogos idem. É só você se tornar fã de uma dessas
celebridades que não adianta nada alguém mostrar por A+B que o que ele
ensina é heresia ou que suas motivações são mercadológicas ou escusas: o
idólatra de pastores não te ouvirá.
Em São Paulo há um pastor que usa
mais poesia que Bíblia para pregar, que chamou os irmãos calvinistas de
“malditos”, que rompeu com o movimento evangélico mas continua assinando
seus artigos com um dos 5 solas dos evangélicos (Soli Deo Gloria), que
afirma que Deus abriu mão de sua soberania e criou sua tresloucada
Teologia Relacional, que elogia Rudolf Bultmann (teólogo que afirmou que
a Bíblia é um aglomerado de mitos), que é a favor do casamento gay e
que recentemente soltou a última pérola: Jesus não é o único caminho
para o Céu.
A vontade que dá é pedir pelo amor de Deus que alguém ponha
uma silver tape em sua boca, de tão herege que ele se tornou, mas sua
legião de seguidores idólatras o defende furiosamente (afinal ele fala
de amor e é tão poético!) e estão cegos para as doutrinas de demônios
que ensina.
Há o cavalheiro que coordena a pós-graduação de uma faculdade em São
Paulo e que tuíta coisas tão lindas! Mas diz que Deus não controla
forças da natureza, que isso é um conceito grego e não cristão, afinal o
Evangelho “é relacional”. Meu Deus, quantos alunos esse homem não está
estragando! Seu liberalismo teológico satânico vem influenciando os
incautos da internet, que replicam furiosamente seus escritos heréticos.
Soube que até a revista Cristianismo Hoje vai entrevistá-lo. Meus Deus…
Há o pastor que caiu em adultério, não se arrependeu, casou-se com uma
terceira e obviamente não recebeu a bênção da Igreja por sua conduta – e
começou a usar a web como seu púlpito principal, arrebanhando em
especial os jovens que não viveram a sua época de ouro e não viram o que
ele era e no que se tornou.
E suas bobagens, como que não precisamos
mais dar dízimo (algo que o sustentou muitos anos enquanto era pastor
presbiteriano mas que agora que é um desigrejado condena,
vingativamente), contaminam suas multidões de idólatras. Chama pastores
sérios, homens de Deus, de “bundões” em seu programa de web, mas diz que
ensina o caminho da graça. Sua postura, porém, é a coisa menos graciosa
que há. Mas é o ídolo dos revoltados e dos desigrejados.
Há o herege mais terrível da TV evangélica, o telepastor com problemas
graves de domínio próprio que em seu programa de TV grita, esbraveja,
vende os produtos de sua editora e cospe em berros contra os que o
criticam. Ensina a demoníaca, antibíblica e anticristã Teologia da
Prosperidade.
Mas tem batalhões de seguidores, que o idolatram
cegamente, diga você o que diga. Promoveu a unção diabólica dos 900
reais, coisa que bastaria para afundar o ministério de qualquer pastor
que tivesse seguidores pensantes, mas como é ídolo de massas que não
pensam e se ajoelham perante qualquer absurdo que ele proponha, sai
incólume de suas propostas bizarras e infernais. Resultado: a compra de
um jato particular e passeios de limusine (fotos). Para o Reino de Deus?
Nada. Outro dia fui a um casamento em uma igreja da denominação a que
ele pertenceu antes de fundar a sua própria e ouvi de membros que ali
estava sendo imitado o que ele faz pois, afinal, “dá certo”. Quase
chorei quando escutei isso.
Há os mais conhecidos neopentecostais, com suas emissoras de TV, seus
exorcismos, sua guerra por dizimistas e suas heresias. Mas sobre esses
você já sabe tudo. Os mais conhecidos começaram a caminhada de fé numa
igreja séria, a Igreja Cristã Nova Vida, e quando propuseram ao seu
líder, Bispo Roberto McAlister, que os deixassem fazer na denominação um
culto nos padrões dos que fazem hoje e ele não concordou abandonaram a
denominação e fundaram sua própria igreja.
Virou esse império do mal que
é hoje – e ainda o pobre Bispo Roberto ficou conhecido, sem culpa, como
o “pai dos neopentecostais”. Mas é um império com milhares de
seguidores que dizem amém a qualquer campanha doida que seu ídolo bispo
(ou missionário ou sei lá mais o quê) proponha. E seus clones estão
seguindo pelo mesmo caminho.
Há outros de menor expressão, mas sempre sobrevivendo sob o mesmo
conceito: idolatria de pessoas sem intimidade com Deus, entregues a um
sistema que deifica homens e faz deles celebridades e, assim, enchem
seus bolsos, destilam seu veneno herético e arrebentam homens e mulheres
que tudo o que buscam… é o Evangelho simples de Jesus Cristo.
Sobre os artistas é até difícil falar. Tem o que saiu da sala da
diretora da gravadora berrando palavrões porque não conseguiu o contrato
como queria. Tem a ídola (não tem “bispa”? Então por favor permita-me
inventar essa palavra) teen, que se atraca com músicos nas madrugadas de
gravação de seus CDs “ungidos”. Tem a famosa cantora devassa que faz
apelos de altar magníficos em seus shows. Tem os ministérios que se
prostituem com empresas do mundo. Tem de tudo, meu irmão, minha irmã.
E o que mantém essa máquina funcionando? Idolatria.
Querido, querida, sei que você deve estar de queixo caído por coisas
que escrevi aqui. E que caia. Porque a coisa está feia. Quando você diz
no seminário em que dá aula há anos que a unção dos 900 reais é
demoníaca e é repreendido pela direção da instituição por ter dito
isso…é porque o sistema está falido mesmo, como diz Walter Mcalister no
livro “O Fim de Uma Era”. Levantamos bezerros de ouro e amamos! Olhamos
para homens de carne e osso, mulheres normais e achamos que eles são
ungidíssimos, santíssimos e que veem Deus face a face. Mas mal sabemos
nós a podridão dos bastidores.
Precisamos olhar para Deus. Olhe para Deus. Basta de ficar deificando
homens. Basta dessa idolatria cega, que tem destruído vidas e afastado
multidões do caminho da vida eterna. Não dê ouvidos a essas vozes que
têm aparência de piedade mas por dentro são sepulcros caiados. Chega dos
poetas. Chega dos artistas. Chega dos telepastores. Chega dos vaidosos,
gananciosos e lobos em pele de cordeiro.
Vamos voltar à simplicidade.
Abandone a fama – e os famosos. Entenda, meu irmão, minha irmã: ser
famoso não quer dizer absolutamente nada. Não torna biblicas as heresias
que o famoso diz. Não torna suas ideias cristãs. Celebridade não é
atestado de correção bíblica, de boas intenções ou de vida com Deus. Se
fosse assim, todo participante do Big Brother Brasil seria o mais santo
dos homens.
Muitos famosos que falam lindamente sobre amor, a fé e a
graça ensinam doutrinas tão demoníacas que chega a ser difícil crer que
alguém que passou por um processo sólido de discipulado acredite em suas
loucuras. Esqueça os outros.
Olhe para a sua vida. Quem você idolatra?
Que sacerdote famoso você não admite que critiquem? De quem são as
ideias e teologias que você vive repetindo, retuitando ou compartilhando
nas redes sociais? Que cantor ou cantora “gospel” você põe acima do bem
e do mal? De quem são os shows que você “não pode perder”?
Conseguiu detectar? Agora, faça um favor a sua alma: esqueça essas
pessoas… e olhe somente para a Cruz. Olhe para a Cruz e chore pelo
estado calamitoso que vive a Igreja brasileira, cheia de ídolos e
idólatras.
Se você estiver entre os idólatras, irmão, irmã, comece a
fugir dos bezerros de ouro e prostre-se aos pés do Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo. Com simplicidade, sem raio laser, sem
púlpitos nababescos, sem máquina de fumaça, sem dançarinas no palco ou
videocasts charmosos na Internet.
Pois tudo o que importa é um homem pregado numa Cruz, pingando sangue, dor e amor por você.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Fonte: Apenas
Acesso: 19/01/13
1 comentários:
Muito interessante seu texto e concordo plenamente. Hoje estamos vivendo dias tão trabalhosos que vemos crente indo a shows como o festival promessas só pra ver quem vai cantar lá e pior, nem tem ideia da sujeira que tem por baixo do tapete nesse tipo de evento ´´gospel``. É complicado, a coisa tá ficando cada dia mais difícil. Que Deus nos perdoe e nos ajude e venhamos a procurar a cada dia sermos melhores para Cristo e não montando fã clube gospel. Deus abençõe! www.jovenemcristobrasil.blogspot.com
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