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E você, pede como?


 As diferenças entre "pedir para" e "pedir que".

por Sérgio Simka*





De acordo com a gramática, a construção "pedir para" só é usada quando as palavras "licença", "permissão" ou "autorização" estiverem claras ou subentendidas.

Analise as seguintes construções:

1) "Não vou pedir para sair e não tenho medo de nada." (Parreira)
2) O coordenador pediu para que os professores apresentassem seus programas no primeiro dia de aula.



Do ponto de vista da gramática tradicional, uma das frases acima apresenta um erro de regência muito comum no dia a dia. Conseguiu identificá-lo?
O problema reside na forma com que se empregou o verbo pedir, uma vez que há diferença entre as combinações "pedir para" e "pedir que". Acompanhe:
De acordo com a gramática, a construção "pedir para" só é usada quando as palavras "licença", "permissão" ou "autorização" estiverem claras ou subentendidas. Leia os exemplos seguintes:
"Minha mãe ficou perplexa quando lhe pedi para ir ao enterro." (Machado de Assis, Dom Casmurro)
Pediu para ir ao cinema.
Portanto, a primeira frase traz esse sentido, pois "pedir para" significa "pedir licença (autorização etc.) para". Vejamos mais outro exemplo. Em "O aluno pediu para sair antes do fim das aulas", a frase significa que o aluno "pediu autorização para" sair antes do fim das aulas. Quando não for possível tal subentendimento, deve-se usar apenas "que", e não "para que": "Pediram ao professor que explicasse de novo a matéria" (e não pediu para o professor explicar). Outro exemplo: Pediu que fossem com ele ao jogo (e não Pediu "para irem" ou "para que fossem"...).
Moderna Gramática Portuguesa
Autor: Evanildo Bechara
Editora: Lucerna
Ano: 1999

A segunda frase, como se viu, apresenta o verbo pedir em desacordo com a gramática. Corrija-se para: O coordenador pediu que os professores apresentassem seus programas no primeiro dia de aula. No entanto, trata-se de um caso controvertido, uma vez que escritores de renome se utilizaram da construção "pedir para" em vez de "pedir que":
"Há dias, o Coronel me pediu para dar um pulo à casa dele..." (Otto Lara Resende, O Braço Direito).
"Peço para me guardarem a mala" (José Geraldo Vieira, A Ladeira da Memória).
PALAVRA DE GRAMÁTICO
"O verbo pedir pede objeto direto de coisa e indireta de pessoa a quem se pede: Pedi-lhe (obj. indireto) um favor (obj. direto). Se o objeto direto é licença (ou equivalente), pode-se acrescentar uma oração adverbial de fim que indique o objetivo do pedido: Pediu-lhe licença para sair (ou para que saísse).
Este objeto direto licença pode calar-se, mas o sujeito de pedir terá de ser entendido como o mesmo do verbo da subordinada, para ter sanção tranquila na norma exemplar: O Antônio pediu-lhe para sair (i.é: o Antônio é quem sairá). A linguagem coloquial aproximou as ideias de pedir que algo aconteça (oração objetiva direta) e trabalhar para que algo aconteça (oração adverbial final), passando a usar a preposição para a introduzir a oração que seria objeto direto do verbo pedir.
Pediu para que Antônio saísse em lugar de Pediu que Antônio saísse. Os gramáticos ainda não aceitaram a operação mental, apesar da insistência com que penetra na linguagem das pessoas cultas."


 Fonte: http://conhecimentopratico.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/20/artigo159341-1.asp
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