A presença evangélica, principalmente no Brasil, obedece ao movimento de três ondas acontecidas em três momentos diferentes de nossa história. Na primeira, com a chegada das igrejas histórias ligadas ou afinadas com o movimento da Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero: luteranos, presbiterianos, batistas, episcopais, congregacionais, etc. Na segunda, com o movimento pentecostal através da Congregação Cristã do Brasil, Assembléia de Deus, etc. Na terceira, com a enxurrada do neopentecostalismo de caráter predominantemente nativo na mídia brasileira, principalmente na TV.
A terceira onda responde pelo avassalador crescimento da igreja evangélica num curto espaço de tempo, fruto de uma estratégia técnica conduzida primorosamente pela força midiática do rádio e da televisão. Já a estratégia religiosa (espiritual) primou mais pela emoção mistificante e ideologia da prosperidade, e menos pela reflexão consciente. Se a opção pelo uso da mídia foi excepcional, a religiosa foi e continua a ser sofrível, porque responde por todo o desencanto ético e moral que mina a credibilidade do segmento. A fé cristã exige compromisso moral e propõe uma santidade ética que esses grupos não conseguem expressar. Ora, precisamente por causa desses descompassos que criaram constrangimentos para as denominações pertencentes às duas primeiras ondas, dois acontecimentos mobilizaram recentemente o noticiário evangélico.
Primeiro: a criação de uma associação de igrejas evangélicas que, doravante, responderá pelas igrejas históricas (inclusive pentecostais históricas), perante a sociedade brasileira. Porque nem tudo o que acontece no segmento evangélico é evangélico. Absurdos doutrinários, má conduta ética e postura política fisiológica fizeram nascer no último dia 30 de novembro em São Paulo, na Catedral da Igreja Metodista, a Aliança Cristã Evangélica Brasileira (ACEB) amadurecida ao longo de dois anos de encontros e reflexões. Neste período, foi elaborada a Carta de Princípios e Diretrizes que inicialmente construirá sua identidade institucional. Não existe um presidente para evitar o personalismo do movimento, mas um Conselho Geral que conduzirá os passos da nova associação. Alguns desses líderes são conhecidos nossos e outros, amigos pessoais de longa data. São nomes com uma história de dignidade, probidade e integridade teológica no cenário cristão brasileiro: Valdir Steuernagel (luterano), Ed René Kivitz (batista), Guilhermino Cunha (presbiteriano), Robinson Cavalcanti (episcopal), Fabrício Cunha (batista), etc.
Segundo: o desligamento de Kaká e sua esposa da igreja evangélica à qual estavam ligados. Inicialmente, diante do escândalo de repercussão internacional envolvendo os líderes da igreja, eles não negaram seu apoio pessoal. Como contra fatos não há argumentos e como a justiça e a polícia norte-americanas não expõe publicamente pessoa ditas culpadas sem que de fato o sejam, não houve como continuar a participar desta igreja. Kaká é uma pessoa íntegra e lúcida e teve maturidade para separar a amizade das implicações negativas de seus ex-líderes.
Por que líderes evangélicos envolvidos em falcatruas continuam a exercer “fascínio” sobre seus liderados? Os motivos são vários mas um deles é óbvio: líderes desqualificados moralmente não têm moral para exigir nada de seus liderados. O que faz com que as pessoas vivam mundanamente, promiscuamente, nominalmente e confortavelmente em tais igrejas. São imunes às exortações porque da fonte emissora vem água contaminada que eles, sabidamente não bebem. É assim que se multiplicam os “clubes religiosos” que rendem dividendos expre$$ivos aos seus proprietários.
(*) É pastor da Igreja Batista Betel
Fonte: O Jornal Web
1 comentários:
Muito bom, sem duvidas seguirei.
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