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O risco do abuso espiritual

 Abuso espiritual significa qualquer situação na qual uma pessoa com mais poder religioso fere uma pessoa com menos poder, causando dano à sua vida espiritual, emocional, física, familiar ou financeira; obstruindo a ação do Deus que liberta, cura, e restaura.

Não acontece por acaso; é necessário que um líder com perfil de abusador se encontre com uma ovelha com perfil de risco de ser abusada.

Acontece, infelizmente, na Igreja Católica, mas também na Igreja Evangélica. Pessoas são usadas, manipuladas em nome de Deus, causando não somente sofrimento, mas resistência e aversão ao Evangelho.

Para ajudar nosso discernimento e prevenir o abuso, alisto algumas características do perfil do abusador e do abusado.

O PERFIL DO LÍDER ABUSADOR
• Liderança rígida que não pode ser questionada ou confrontada.
• A solidão do poder, sempre cercado de subalternos, sem amigos, sem iguais.
• Auto-referência para assuntos teológicos e éticos.
• Enorme necessidade de reconhecimento, afirmação e demonstração de poder.
• Controle sobre a vida dos liderados: como vivem, com quem vivem, como se comportam.
• Interferência nas decisões mais importantes da vida dos membros.
• Censura deliberada de outras fontes de informação teológica e comportamental.
• Espiar os outros membros é encorajado para relatar ao líder “ações desviadas”.
• Adoção de um linguajar próprio e diferenciado caracterizado por clichês.
• Maniqueísmo exarcebado, lógica do preto/branco, bem/mal, nosso grupo/grupos de fora, nossa doutrina/outras doutrinas.
• Estimulação do medo: medo de pensar independentemente, medo do mundo exterior, dos inimigos, de perder a salvação, de deixar o grupo.
• Cria uma atmosfera religiosa divorciada da realidade da vida, com ritos, cânticos, reuniões, declarações e comportamentos.

PERFIL DAS OVELHAS DE RISCO
• Dificuldade de auto-aceitação, de entrar em contato com a realidade de sua história e de suas dores, e tendência a se esconder na religiosidade.
• Filhos de pais inadequados com grande carência afetiva-emocional, necessitando de alguém que lhes transmita segurança, carinho e afirmação.
• Pessoas que precisam de muita estrutura externa para a fé: líderes, rituais, doutrinas.
• Pessoas suscetíveis a estados de consciência alterados através de ritos, cânticos, sinais, pregações, orações.
• Homens e mulheres que, na falta de amigos do coração com quem possam trocar confidências, escolhem um líder que tem acesso a todos os segredos de seu coração.
• Pessoas que se sentem inadequadas e incapazes de se relacionar direta e pessoalmente com Deus e que elegem um intermediário, negando assim o sacerdócio universal dos crentes e perpetuando o sacerdócio clerical da Antiga Aliança.
• Pessoas incapazes de tomar iniciativas, de progredir, de avançar, que se tornam dependentes de líderes empreendedores e diretivos.
• Homens e mulheres acuados por sentimentos de culpa e de medo, que se tornam suscetíveis à manipulação religiosa.
• Pessoas inseguras cheias de medo e apreensões, que buscam refúgio e proteção de alguém mais forte.
• Pessoas que não sabem dizer não e têm dificuldades de conter investidas e assédio.

Tanto líderes como ovelhas precisam de uma fé saudável e libertadora, permeada pela graça e pelo amor de Jesus Cristo. Quando identificamos algumas das características acima descritas, precisamos de ajuda de homens e mulheres que aprenderam através da vida e da experiência a se tornarem santos e sábios em Cristo Jesus. São poucos, mas estão entre nós. A nós compete ter o discernimento para perceber o risco e procurar a ajuda daqueles que verdadeiramente são amigos de Cristo e podem nos ajudar a chegar mais perto d’Ele.

A verdadeira fé contrasta com os relacionamentos de co-dependência e inspira vínculos saudáveis entre pastores e seus mentores, entre pastores e seus pares, entre pastores e suas ovelhas, e gera amizade e liberdade.

Osmar Ludovico da Silva, diretor e mentor espiritual, dirige cursos de espiritualidade, revisão de vida e de pastoreio de pastores e missionários. Casado com Isabelle e pai de Priscila e Jonathan, reside em Cabedelo, Paraíba


Fonte: Revista  Enfoque n° 57
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2 comentários:

Alessandra disse...

realmente,faz todo sentido.É preciso saber separar relacionamento com Deus,do relacionamento serviçal cego para com os homens,sem contudo deixar de respeitar lideranças...hoje em dia em maior ou menor proporção é difícil encontrar líderes que não cometam ''abusos'' de autoridade religiosa em um ou em outro momento.Cabe a nós traçar a linha até onde eles podem interferir em nossas vidas,e isto de forma clara e sensata.
*bom início de semana.

Ministério Geração de Davi disse...

Só vejo uma saída para boa e saudável relação entre ovelha e Pastor, líder e liderado, o comhecimento bíblico. O bom líder, o bom Pastor é aquele que estimula isso em seus liderados. E a boa ovelha é aquela que busca aprender, formar sua opinião, sem, contudo, derrespeitar o seu Pastor/Líder.

Marcos Paulo Correia.

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